Melhoria na qualidade de vida impacta positivamente no retardo e prevenção
Compromissos diários esquecidos, falha na memória para reconhecer rostos e uma vaga lembrança da própria identidade. A realidade do aposentado Mário Jorge Pinheiro, de 67 anos, mudou completamente com o Alzheimer. E foi com as atividades oferecidas pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de justiça, direitos humanos e Cidadania (SEJUSC), que ele conseguiu atenuar os sintomas da doença e ainda se divertir com a esposa.
Diagnosticado aos 59 anos, o ex-despachante desenvolveu o Alzheimer precocemente. A doença tende a afetar pessoas mais idosas e se revela lentamente. Neste 21 de setembro, data em que é celebrado o Dia Mundial e Nacional de Conscientização da Doença de Alzheimer, a SEJUSC reforça a necessidade das atividades no cotidiano de pessoas idosas para prevenir e retardar os sintomas.
A esposa de Mário, Maria Sônia Pinheiro, de 66 anos, é testemunha da evolução do marido. Ela recorda que começou a perceber os primeiros sinais do Alzheimer quando ele, sempre tão organizado, passou a esquecer os prazos de demandas e a se perder em caminhos que fazia no dia a dia. Entretanto, há dois anos eles começaram a participar de grupos do Idoso em Movimento – projeto estadual que atende cerca de 5 mil pessoas idosas – e ela notou melhorias significativas.
“Antes, ele ficava muito ansioso, agitado, vivia subindo e descendo a escada de casa e eu ficava preocupada. Quando ia dar um cochilo de tarde tinha que trancar a casa, porque ficava com medo dele sair sem eu ver. Depois que começamos a frequentar os grupos ele até dorme de tarde, porque se cansa. Tem também o equilíbrio, que melhorou muito, agora ele já fica no lugar certo na hidroginástica, consegue ficar numa perna só”, conta a aposentada.
O casal, junto há 47 anos, também tem a dança na rotina. Maria diz que foi incentivada pelo médico de Mário a procurar algo que ele gostasse, pois seria mais fácil de ele praticar. “Ele gosta muito de dançar bolero, as músicas do nosso tempo. Os professores até perguntam se eu não tenho ciúmes, mas eu fico feliz de vê-lo dançar com tanta gente”, entrega.
Exercício como aliado
A gerontóloga e neuropsicóloga, Francivânia Silva, atua com os participantes do Idoso em Movimento e pontua como as atividades auxiliam na prevenção e no retardo dos sintomas, mesmo em pessoas já diagnosticadas com a doença, como Mário.
Foto: Arquivo pessoal e Lincoln Ferreira/SEJUSC
“Embora a demência não tenha cura, existem cuidados que podem preservar a memória como a estimulação cognitiva, que é um tratamento não medicamentoso que utiliza de atividades para a memória, atenção, concentração e raciocínio lógico. Esses exercícios ajudam na manutenção da memória e na autonomia da pessoa idosa. Há cuidados que vão além da medicação, como paciência, empatia, comunicação assertiva e muito amor”, exemplifica a profissional.
As práticas são levadas para todos os grupos de pessoas idosas e têm adesão massiva, inclusive daqueles que apresentam os primeiros sinais da doença. O Idoso em Movimento é um dos projetos do EnvelheSer 60+ e tem inscrições abertas durante todo o ano, com grupos em todas as zonas de Manaus.
Maria recomenda as atividades a todos os idosos e diz que é necessário o cuidado com quem cuida. “Eu era agente de saúde e fiz cursos de cuidadora, se não fosse isso nem sei como estaria. Aprendi também que não é bom ficar forçando a pessoa, como ‘quem é esse? quem é fulano?’, tem que deixar ir no tempo dele, senão ele se sente constrangido e não ajuda em nada. ”, reforça.
Atividades recomendadas
Leitura, palavras cruzadas, sudoku, caça-palavras;
Aprender um NOVO idioma;
Trabalhos manuais como crochê, bordado, macramê;
Jogos de raciocínio lógico como xadrez, dama, jogo da memória, cartas;
Fazer atividades em grupos, inclusive apenas conversar;
Caminhadas, alongamentos, dança, natação e outras atividades físicas;
Também é importante manter uma alimentação saudável e regrada, priorizando o consumo de frutas, verduras e legumes;
Não fumar e consumir pouco ou nenhum álcool.
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