A Dercc também conta com uma cartilha digital sobre crimes cibernéticos, com informações e orientações sobre golpes
FOTO: Beatriz Sampaio/PC-AM
Os golpes virtuais têm crescido com o aumento da digitalização de serviços, e alguns, como os que envolvem transações financeiras, são os que mais foram registrados na Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Cibernéticos (Dercc), da Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), ao longo de 2024.
Conforme o delegado Paulo Benelli, titular da unidade especializada, os golpes que são registrados com mais frequência são os que envolvem fraudes online, como golpe do Whatsapp, phishing, falsos leilões, perfis falsos em redes sociais, além dos golpes relacionados a criptomoedas, da falsa central de atendimento e do falso advogado.
“Nesses golpes, os autores costumam entrar em contato com as vítimas e as ludibriam até conseguir os seus dados e acesso às suas contas bancárias, fazendo com que elas acabem sendo prejudicadas financeiramente. Até o momento, foram abertas mais de 200 investigações e mais de 90 Inquéritos Policiais (IPs) foram instaurados para apurar os crimes cibernéticos registrados”, contou o delegado.
Segundo o delegado, os casos mais notáveis registrados neste ano incluíram o da falsa central de atendimento e do falso advogado. No caso do primeiro golpe, o estelionatário se passa por atendente de um banco e induz a vítima a fornecer dados bancários, sob a justificativa de que há compras suspeitas em seu cartão e que o método de pagamento foi bloqueado temporariamente.
“Já o golpe do falso advogado funciona da seguinte forma: o criminoso acessa o processo de uma pessoa no site do Tribunal de Justiça e coleta os dados da ação judicial. Em seguida, ele entra em contato com a vítima por Whatsapp, usando a foto e o nome do advogado dela, e informa que ganharam o processo. Para parecer fidedigno, o estelionatário até falsifica o documento judicial e envia para a suposta cliente”, disse o delegado.
De acordo com o delegado, ainda para ganhar a confiança da vítima, o criminoso alega que, para agilizar o recebimento da indenização, o cliente precisa transferir um determinado valor para a conta bancária fornecida por ele.
“Geralmente é um valor alto e a conta é de um laranja, que reside em outro estado. Depois que a vítima faz a transferência, acreditando que a conversa é verídica, o golpista apaga as mensagens e bloqueia o contato da vítima. Quando ela não recebe o valor da indenização, percebe que caiu em um golpe”, explicou o delegado.
Nesta semana, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Amazonas (OAB-AM) lançou a Campanha sobre o Combate à Fraude contra a Advocacia e Sociedade. Segundo Benelli, o material orienta, de maneira clara, como os advogados podem proteger a si mesmos e a seus clientes, fornecendo procedimentos padronizados para combater a prática fraudulenta.
“A fraude do falso advogado não só prejudica a reputação de profissionais dedicados, mas também ataca a integridade da nossa Justiça como um todo. Tais atos ilícitos corroem a confiança pública em nossas instituições e dificultam o processo de busca pela justiça, prejudicando o direito de defesa. Este guia é uma ferramenta vital para que os advogados saibam como se prevenir deste golpe”, falou o delegado.
O titular da Dercc ressalta, ainda, que caso a imagem do advogado tenha sido falsamente veiculada ou utilizada para fraudes, o profissional deve procurar a unidade especializada para a devida apuração.
Prevenção
O delegado destaca algumas medidas que podem ser tomadas para evitar a ocorrência dos golpes virtuais. No caso dos golpes da falsa central de atendimento e do falso advogado, o principal alerta é ter cautela antes de realizar comandos ditos pelos golpistas e verificar se você está conversando com quem eles dizem ser.
“Já nos golpes que envolvem links de procedências duvidosas, é necessário verificar a autenticidade antes de clicar ou fornecer informações para desconhecidos. Outro exemplo de prevenção envolve a clonagem da conta do Whatsapp: é preciso que o usuário habilite a autenticação em duas etapas e, também, tenha atenção para não fornecer dados pessoais e financeiros, seja por mensagem ou ligação telefônica”, salientou o delegado.
Benelli enfatizou, ainda, que para coibir esses tipos de crimes, a Dercc está empenhada em realizar ações que vão além da repressão e indiciamento dos autores.
“Estamos implementando novas estratégias, como campanhas de conscientização pública sobre segurança cibernética, promovendo palestras e divulgando material técnico de prevenção como a cartilha digital sobre crimes cibernéticos”, explicou o delegado.
A segunda edição da cartilha foi lançada em setembro deste ano e tem informações e orientações sobre os golpes mais recorrentes, que são registrados na Dercc. É possível acessá-la virtualmente por meio do endereço eletrônico: https://www.policiacivil.am.gov.br/wp-content/uploads/2024/09/Cartilha-Dercc-2024-1.pdf.
Registro de ocorrência
Os crimes cibernéticos podem ser registrados na sede da Dercc, que está localizada na sede da Delegacia Geral, avenida Pedro Teixeira, nº 180, bairro Dom Pedro, zona centro-oeste, ou no Distrito Integrado de Polícia (DIP) mais próximo.
O Boletim de Ocorrência (BO) também pode ser formalizado na Delegacia Virtual (Devir), por meio do endereço eletrônico: delegaciavirtual.sinesp.gov.br.
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