09/07/2024 – 18:20
Vinicius Loures / Câmara dos Deputados
Pochmann disse que estão sendo feitos esforços para integrar dados de educação, saúde e previdência
O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Márcio Pochmann, defendeu que o instituto passe a ser um coordenador-geral dos dados oficiais do País. Em audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, ele disse que essa mudança depende de uma lei, mas também de um fortalecimento orçamentário do órgão.
Márcio Pochmann lembrou que o IBGE já respondeu diretamente ao presidente da República. A partir do regime militar, foi perdendo espaço e recursos, o que fez com que os outros ministérios criassem seus próprios bancos de dados, como Serpro, Dataprev, Inep e Datasus.
O presidente do IBGE ressaltou, porém, que coordenar dados é uma questão de soberania nacional. “É quase um censo que é feito a cada dia a respeito das decisões que tomamos sobre lugares para onde vamos, aplicativos que utilizamos, músicas, entretenimento, mensagens, pagamentos, enfim, uma massa de informações pessoais que estão depositadas e servem de modelo de negócio para empresas que não são brasileiras, não geram emprego no Brasil, não compartilham tecnologia, não pagam impostos”, disse.
Mesmo sem os meios necessários, Pochmann disse que estão sendo feitos esforços para integrar dados de educação, saúde e previdência.
Para o deputado Jorge Solla (PT-BA), ter informações de pesquisas regulares e confiáveis é importante para controlar o fenômeno da desinformação e das chamadas fake news. Ele citou um exemplo: “Alguém afirma e quer fazer com que as pessoas acreditem que hoje temos uma inflação descontrolada no País, e a apuração que o IBGE faz é contrária a essa tese. A informação, em tempos de fake news, onde o mais importante para essa estratégia são as versões e não os fatos, ela passa a ser inimiga dessa estratégia”, disse.
Trabalho temporário
O diretor do Sindicato Nacional dos Trabalhadores em Fundações Públicas Federais de Geografia e Estatística, Cleiton Batista, disse que 60% dos trabalhadores do IBGE são empregados temporários para pesquisas que são contínuas, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) – diferentemente da situação dos temporários da pesquisa do Censo Demográfico. Segundo ele, essas pessoas ganham pouco mais que o salário mínimo, e a rotatividade é alta.
Márcio Pochmann explicou que, para os próximos anos, o IBGE precisa dar conta de 17 pesquisas de orçamento familiar e do censo agropecuário de 2026, ano em que completará 90 anos. Somente em 2024, são mais de 300 pesquisas, que vão desde a temperatura do mar até os índices inflacionários.
As pesquisas de orçamento familiar são necessárias, segundo ele, para atualizar os dados sobre o consumo das famílias e informações sobre quantidade de horas de trabalho, home office, cuidados com terceiros e deslocamentos no trânsito, que vão orientar políticas públicas.
A pesquisadora Mercedes Bustamante, representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) na audiência, lembrou que estatísticas também são importantes para as decisões de investimento de estrangeiros, pois fornecem dados para comparação entre países.
Reportagem – Silvia Mugnatto
Edição – Ana Chalub