Em uma iniciativa pioneira entre os municípios brasileiros, a Prefeitura de Manaus começa a ofertar, neste mês, o exame automatizado de parasitologia na rede básica de saúde. Pelo método, em fase final de implementação nos laboratórios distritais da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), as amostras de exames são analisadas por um equipamento computadorizado, capaz de detectar parasitas intestinais, permitindo um processamento mais rápido e um resultado mais preciso em relação à análise microscópica tradicional.
O método automatizado já está sendo testado em três dos quatro laboratórios distritais da Semsa, Sul, Leste e Oeste, onde foram feitas adequações de salas, instalação do equipamento responsável pelo diagnóstico automatizado e treinamento das equipes das unidades. No Laboratório Distrital Norte, hoje em reforma, o procedimento começará a ser realizado após a conclusão das obras e instalação de equipamentos.
O secretário municipal de Saúde, Djalma Coelho, destaca que a implementação do novo método na rede básica de assistência reflete o compromisso da atual gestão municipal em investir na ampliação da oferta e da qualidade dos serviços de saúde para a população, inclusive com a aquisição de novas tecnologias.
“Elevar a qualidade e a produtividade dos serviços municipais é uma diretriz da gestão do prefeito David Almeida. Esse método automatiza um exame antes feito mediante leitura manual, e que, agora, é feito de forma mais célere, com qualidade e eficácia comprovadas”, afirma.
A gerente de Apoio Diagnóstico da Semsa, Ana Paula Neves, assinala o pioneirismo da atual gestão municipal na implementação do novo método de análise parasitológica. “Laboratórios públicos não investem em parasitologia, mas Manaus está avançando graças a uma gestão interessada em investir na saúde. A parasitologia automatizada é um avanço grande, e ter essa tecnologia em Manaus é um ganho enorme para o usuário e para o município”, aponta.
Ana Paula lembra que Manaus foi também a primeira cidade a contar com o exame preventivo em meio líquido. A técnica, tida como superior à convencional para detecção de lesões precursoras do câncer do colo uterino, começou a ser ofertada no ano passado na rede básica.
“Somos ainda o único laboratório municipal a ofertar citologia em meio líquido, e referência para outras cidades e capitais, que nos visitam para saber como conseguimos implementar o método. Isso deverá acontecer também com a parasitologia automatizada”, avalia.
A rede de apoio diagnóstico da Semsa realiza aproximadamente 15 mil exames parasitológicos por mês, somando mais de 61,6 mil resultados somente de janeiro a abril deste ano. No ano de 2023, os laboratórios municipais contabilizaram 157.996 exames realizados.
Rapidez e efetividade
O sistema automatizado implementado pela Semsa emprega um equipamento computadorizado para a análise das lâminas com amostras de fezes para exame. O dispositivo é dotado de um banco de dados com informações de parasitas que afetam o trato intestinal humano, sendo capaz de identificar os micro-organismos em milhares de imagens ampliadas (campos) das lâminas, em poucos minutos.
Além dos dados quantificados, o sistema registra imagens dos parasitas detectados na amostra, que também passarão a compor os laudos emitidos pelos laboratórios distritais da Semsa.
Para a farmacêutica-bioquímica da Semsa, Greicy Marques, o método automatizado traz uma evolução no diagnóstico de parasitas intestinais, com vantagem em termos de rapidez e precisão em relação ao procedimento tradicional, no qual as lâminas são analisadas por um profissional especializado, com o auxílio do microscópio.
“Com essa tecnologia, é possível ler 1.500 campos de uma lâmina em um ou dois minutos, muito mais do que um técnico consegue ler, por mais dedicado que seja. Isso possibilita um diagnóstico em menor tempo e mais eficiente, evitando falsos negativos”, explica.
Treinamento e implementação
O equipamento automatizado para detecção de parasitas intestinais foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, onde ocorreu a primeira fase do treinamento para implementação do novo método em Manaus, em março deste ano. A atividade foi conduzida pelos especialistas da instituição paulista e reuniu 16 servidores da Semsa, sendo diretores, técnicos em patologia clínica e bioquímicos dos laboratórios distritais, que passaram a atuar como multiplicadores da formação.
A fase seguinte do treinamento ocorreu na última semana, em Manaus, com a atuação dos multiplicadores e de especialistas da Unicamp para a formação das equipes nos laboratórios municipais. Além da utilização do equipamento automatizado, os servidores receberam orientações sobre o preparo das amostras pelo novo método, que utiliza coletores próprios e reagentes para contraste.
Uma das participantes do treinamento, a técnica em patologia clínica Andréia Macedo destacou que a nova metodologia permite um menor contato e exposição das equipes ao material das amostras, graças ao uso dos coletores próprios, além de possibilitar maior economia de recursos humanos e maior confiabilidade nos resultados.
“O método automatizado vai nos ajudar em relação ao número de diagnósticos, podendo realizar uma grande quantidade de leituras em poucos minutos, além de beneficiar a população com um resultado mais efetivo”, conclui.
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Texto – Jony Clay Borges / Semsa
Fotos – Artur Barbosa / Semsa
Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHBqjBvVQs